Por um bom tempo acreditei que ser como eu sou era uma vantagem em relação às demais pessoas. Ter uma sensibilidade um pouco mais afinada do que o convencional para perceber quando algo está caminhando fora dos conformes, era como uma carta na manga para poder me safar de situações do tipo. Pena não ter saído da teoria.
Cada um tem a sua válvula de escape, seu modo de extravasar e conseguir sobreviver às coisas que incomodam e machucam. O tipo mais comum é aquele que literalmente bota pra fora o que pensa e sente sem pensar muito nas consequências que isto pode causar.
Como em tudo na minha vida, optei pela opção mais difícil: sempre reprimi o que sentia até o último momento antes da explosão final e a única vantagem que tirava disso é a sensação de que os outros não tinham argumentos para me julgar ou achar que estava beirando a insanidade. Por não falar as minhas reais impressões, não dava subsídios para argumentações e contestações alheias. Em compensação, o meu corpo não me perdoava e as dores sempre foram constantes mas isso já era uma outra concepção, pelo menos eu tinha que lidar comigo mesma; as críticas e repreensões eram feitas por mim mesma, eu que me aguentava e isso já bastava.
Gostaria de permanecer nessa mesma vibe mas sempre acabo falando demais e caindo no papel de carrasca ao invés de ré. As coisas que me machucam sempre são pequenas aos olhos dos outros. Sempre sou eu a pessoa encarregada por exagerar na intensidade do que acontece, sempre sou eu que falei de modo errado, que lidei de forma errada, que estraguei as coisas.
O mais interessante disso tudo é que apesar de tudo, ainda assumo uma posição de 'não contestadora'. Em outras palavras, levo à sério a história de respeitar os limites e preferências dos outros mesmo que estes sejam contrários ao meu. Trivial seria se eu também sentisse isso vindo do outro lado. Palavras bem ditas não são suficientes para acabar com a sensação de que as minhas questões não são respeitadas da mesma forma como faço.
Não é tal fato em específico que me machuca. Não é o acontecimento em si mas o comportamento dos envolvidos. Independentemente do que esteja servindo como tema de conversa em mesa de bar, para mim o que importa é como os limites serão respeitados.
Ai vem a sensação de que algo está errado e a vontade de falar sobre isso ... mas quem quer ouvir? As palavras se distorcem nos ouvidos dos outros e só é entendido aquilo que se quer entender. Nem todo mundo está disposto a se dar o trabalho que eu, todo dia me dedico, em procurar saber porque aquilo está acontecendo, porque estou falando certas coisas, porque estou tão chateada. É mais fácil achar que eu exagerei na dose e estou criando problemas demais.
Estou chegando a conclusão de que a melhor coisa mesmo é reprimir.

E eu que me aguente.

Epifanias

Tem certas coisas na vida que só vivendo mesmo para saber o gosto que tem e as consequências geradas por isto. Ultimamente estou passando por uma fase com várias ramificações emocionais e descontentamentos vindas de lados diversos vêm me desgastando muito. Sinceramente, não sei como faço para continuar levando a vida sem enlouquecer.

Bom, não faço segredo nenhum a respeito da bagunça que é a minha vida emocional. (Este será o primeiro ponto a ser abordado).Faz tempo que fico chovendo no molhado dizendo que sonho em encontrar alguém que me preencha, que ocupe mesmo um lugar no meu espaço e que seja eterno enquanto dure. Acontece que, quanto mais espero, mais me afasto desta idealização. Tem mais ou menos dois meses que permiti a reaproximação de um ex-namorado por pura carência e falta de opção (pelo menos foi assim no começo). Sempre soube que compromisso não era a vibe dele no momento e que estamos procurando coisas totalmente distintas mas por estar desesperadamente precisando de uma recarga interior de carinho, atenção, procura, descontração, etc e tal (e tudo isto ele sabe fazer muito bem), dei corda e fui vivendo essas doses homeopáticas que costumo chamar de "válvula de escape". Por algumas vezes me deprimi, fiquei muito chateada e constragida em ter uma visão real da situação. Sinto-me tão inútil .... a única pessoa que demonstra se interessar por mim, mesmo em meio das suas mentiras, se trata de um cara que não consegue nutrir sentimento puro por ninguém, talvez nem por ele mesmo. A contradição não é mera coincidência. Dos males o menor: estou tranquila em relação a ele e não alimento nenhum tipo de expectativa.

Por um outro lado, vêm as amizades. Busquei o significado da palavra:

Esta concepção muito forte da amizade encontra-se em Montaigne:
«Na verdadeira amizade, diz ele, dou-me ao meu amigo mais
 do que dele quero para mim.» Sob esta forma, a amizade é considerada
desde a Antiguidade como a própria expressão da felicidade.

Concordo plenamente mas confesso que na prática a sensação é outra. Eu tenho uma consciência muito tranquila sobre o que ofereço em uma relação como esta mas o problema está no fato de sempre esperar o mesmo tratamento como se fosse uma moeda de troca, mesmo que seja inconscientemente. Infelizmente começo a perceber que consigo atingir o ápice da qualidade de amiga apenas enquanto eu estiver bem comigo mesma. A partir do momento que a pessoa que precisa ser ouvida e ajudada sou eu, sinto que as coisas mudam de sintonia e sempre saio com a impressão de que estou sozinha mesmo quando estou acompanhada. Sei que cada um tem a sua forma de ajudar e lidar com as situações alheias mas enquanto isto estiver na teoria, será ótimo. Para mim é extremamente complicado entender e aceitar que as pessoas me procuram para falar dos seus problemas com a garantia certa de que estarei ali para ajudar mas quando a procura é feita por mim, ora mudam de assunto, ora escutam por poucos minutos e em menos tempo ainda já começam a falar de si. É complicado .. e mais complicado ainda é ter que assimilar isto da melhor forma possível e por na cabeça que conversa pesada e desabafo são coisas que devo deixar apenas a encargo da minha terapeuta afinal, ela é paga para isto.

Recomeço

Hoje é o primeiro dia de 2011 e desde ontem não consigo evitar as reflexões a respeito deste ano que terminou. É com um gosto de satisfação que vejo o caminho percorrido e chego à conclusão de que valeu muito mais do que 365 dias. A impressão que me passa é a de renovações internas e externas por completo e fico admirada como tudo ocorreu e tão pouco tempo.

Há exatamente um ano atrás, eu era uma pessoa completamente diferente de quem sou hoje. Acreditava em pessoas que mostrariam suas verdadeiras caras mais tarde, em palavras que eram desprovidas de verdades e sentimentos, em realidades que não passavam de ilusões. Atualmente tenho uma capacidade muito mais refinada em avaliar as situações e as pessoas. Consigo interpretar melhor os comportamentos alheios e filtrar as verdades e falsidades sem deixar claro que estou na espreita, só observando. Estou aprendendo a ser cínica e por isto em prática, ou seja, me faço de idiota para não passar por louca.

Começo este ano otimista mas não por ser uma pessoa otimista. Acredito que a vontade de me livrar de 2010 era tão grande que me sinto até feliz em ter a chance de reescrever meus próximos 12 meses. Quero levar comigo apenas as poucas boas coisas que me ocorreram no ano passado como as novas amizades e as antigas que reafirmaram mais uma vez seus lugares na minha vida, assim como a minha mais nova luta e investimento a longo prazo, que é a minha segunda faculdade.
Segundo a previsão do meu mapa astral, será um período basicamente de estabilidade dentro das mudanças e isto é bom. Penso que durante o ano que terminou recentemente vivi minha fase no purgatório me regenerando e vejo que neste ano que começa hoje, tenho a oportunidade de colher os frutos de tanta luta. Não crio a ilusão de que tudo será fácil e/ou um mar de rosas mas penso que agora estou mais forte e preparada para lidar com as situações e com as pessoas.

Outras epifanias me vêm em mente agora, outras questões, outros problemas mal resolvidos, outras situações bizarras que me acometem mas deixarei para um próximo post, não quero estragar a "beleza" do momento.

Lobo em pele de cordeiro

Passei o dia na casa de uma grande amiga ontem. Foi muito interessante pela boa conversa mas também pelas descobertas. Ela me deu de presente de aniversário o meu mapa astral natal ou seja, a minha identidade explicada pelas posições dos planetas ao meu redor no momento do meu nascimento. Ainda estou lendo e analisando o resultado mas já adianto que muita coisa está sendo esclarecida e explicada. Quando terminar de estudar este documento faço um post a respeito.

O tema de hoje também está relacionado a uma descoberta de ontem mas em outro departamento: ela também leu o tarot para mim e o resultado, apesar de ter sido previsível e alguns positivos, me deixou pensativa.

O meu jogo em particular teve mais uma vez como mensagem base o "equilíbrio" e/ou a busca pelo mesmo. Estou em uma fase de limpeza espiritual e indo em busca da plenitude resultante deste desintoxicação. No meio da luta contra meus pensamentos e minha racionalidade para conseguir deixar o "louco" que está dentro do meu irracional siga seu caminho livremente em busca de novas experiências. Confesso que não aguento mais essa história de "em busca do equilíbrio" .. Ah velho, eu não quero mais ficar nesse mosteiro das almas em busca da paz de Buda. É bom? Lógico! Mas o que eu quero mesmo é que no meu jogo saia logo o Cavaleiro de Copas em seu cavalo branco no meu futuro próximo.

Epa, peraí! Esse apareceu! Mas em outro jogo. Pedi que ela olhasse a forma como o cidadão que escureceu o meu passado me via. O cavaleiro de copas saiu mas pessimamente acompanhado pelo Diabo:




Sairam mais cartas. Lembro do "as de copas" e da "temperança", ou seja: início de relacionamento que traz equilíbrio, estabilidade (o que é o presente dele atualmente) e por estar muito impressionada com estas imagens, não lembro das outras duas que saíram.

O Diabo traz idéia de luxúria, falsidade e segundas intenções. Quando acompanhado do caveleiro de copas, só é explicado como: lobo na pele de cordeiro. Ou seja, altamente mal intencionado em relação à minha pessoa. Se tiver a chance, vai atacar outra vez mas com o único objetivo de me fuder (litreralmente e não literalmente). 

Não poderia esperar outra coisa de uma pessoa como ele. Alguém tão fraco de personalidade, perdido completamente dentro dele mesmo e que não tem a capacidade física e moral de se relacionar com alguém como eu: além de ter Vênus na oitava casa em Escorpião e a Lua em Aquário, sou altamente profunda e o fazia conviver com sua verdadeira face e realidade. 

Ele não tinha força suficiente para encarar o espelho de si mesmo e preferiu se comportar como o perfeito covarde que é: fugiu.

O preço da idiotice

Esta noite não foi boa para mim. Fui pra cama tarde, tive insônia e o pouco que consegui dormir me rendeu sonhos do tipo que mesmo depois que acorda você não esquece e que te faz chorar dentro do sonho e é algo tão forte e significativo que você sente que também está chorando na vida carnal enquanto dorme. Infelizmente tive umas epifanias a respeito do que me aconteceu nos últimos tempos e me surpreendi com uma conclusão meio óbvia: estou tentando enganar a quem além de mim mesma?

Ontem recebi um email de minha mãe bem desprentencioso mas com uma mensagem que ficou na minha cabeça: era uma questão sobre intervalos de tempo e seus significados. No texto apareciam perguntas do tipo: "Quer saber o valor de 1 ano? Pergunte a alguém que perdeu uma prova anual". Ou melhor: pergunte a mim. Eu sei o gosto que tem 1 ano, 12 meses, 365 dias .... o pior de tudo não é saber o valor que isto tem, é além disso, carregar as mágoas e conviver com as cicatrizes que deixaram em mim.

Acordei triste e plenamente consciente de que estou tentando me enganar acima de tudo quando digo que já superei e que estou bem. Mentira! Bullshit! Ainda me dói.. tudo me dói! A consciência de que foi um ano de enrolação, um ano de ilusão, um ano sendo alertada pelos amigos que estava sendo feita de idiota mas o coração não acreditava no que os olhos viam. Quando penso que me desgastei e que permiti que fosse enganada por um ano: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março. (mais que um ano. Perdurei até 26 de março para tomar a atitude que deveria ter tomado na segunda semana do primeiro mês deste martírio)

Sinto-me uma perfeita burra com pitadas de idiota. Por mais que meus amigos e meus familiares tentassem me alertar, eu me deixava enganar pelos poucos momentos de consideração que ele me dava. Pelas poucas demonstrações de afeto, carinho e consideração. Cada vez que tentava me afastar e ele vinha por conta própria fazendo questão da minha companhia, era mais uma chama da ilusão que se acendia e mais uma prorrogação no tempo que cada vez mais me enlouquecia.

Hoje vejo que a história do "Eu sou assim mesmo. Sou devagar e demoro para assumir relacionamentos" era mais uma forma de me tratar com o mais alto teor de mentira e enrolação. Não confio nos homens mas nele eu acreditava. Maldito sentimento! Foi capaz de assumir um compromisso com uma garota que conheceu em um show de boate e não demorou 1 mês para tomar sua tão difícil decisão. Foi tão fácil carregar a bonequinha dele para momentos com os amigos em pouquissimo tempo de convívio. Algo que nunca acontecia comigo. Era como se houvesse um receio e nem quero pensar em algo pior como vergonha em aparecer comigo nos lugares. "Ela é bonita e gente boa! Vou namorar!". Então eram esses os pré-requesitos, não é mesmo? Pouco adiantou meu esforço em tentar ser uma companheira, amiga, ajudar nas horas de aperto, dar apoio e ter sempre uma boa conversa.... pouco importa. Além de tudo feia e antipática, já que não passei no teste de qualidade.

Eu tento me enganar todo dia quando digo que estou bem. Não posso estar bem, ninguém poderia estar bem na minha situação. Minha mãe pede quase sempre para que eu esqueça. Minhas amigas fazem o mesmo como se fosse fácil controlar a mente e pior ainda o coração. E para completar, não consigo arrumar ninguém para ocupar o vazio que ele deixou.

Definitivamente estou pagando pela minha burrice. Só não sabia que ia pagar tão caro.



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