O caos

Não sei o que tenho, apenas sinto. Algo desconfortável que surge de algum lugar dentro de mim que também ainda não descobri qual. Só sei que estou triste e acho que já é o bastante. Mudei de terapeuta e senti sensíveis melhoras com isto. A abordagem está sendo diferente e estou mais otimista com o reflexo em mim mesma. Estava me sentindo bem e até rascunhava um pouco de auto-estima, me achava bonita e até atraente nas últimas vezes que mostrei a cara na rua e isso me ajudou e muito a passar por uma experiência que há muito venho me preparando psicologicamente para lidar da melhor forma e nao bancar a imatura e acho que levei na boa. Mas tudo isto porque eu estava me sentindo bem comigo mesma e consegui falar com a mais pura sinceridade a frase: "Eu sou mais eu" e realmente naquele momento eu me sentia assim e acho que continuo na mesma vibe até agora. Meu problema não é esse. Quer dizer, diretamente falando não é. Talvez tenha algum tipo de relação psíquica nisso do tipo que algo influencia no seu modo de lidar com as coisas sem você saber que aquele determinado fator tem culpa em todo o processo.
Acho que minha tristeza, diretamente falando, está relacionada com o meu cansaço. Ando muito cansada e o pior de tudo é que me acomodei a este sentimento e nao me esforço para reagir e me sentir melhor. Quero cair de boca nos pensamentos tristes e dar vez ao choro que tanto seguro para não sair.
Desde quando nasci, ou quem sabe até antes mesmo de vir ao mundo, eu já era alvo de cobranças e expectativas. Sempre ocupo a posição de referencial de alguma coisa e como estou realmente longe de ser um exemplo pra qualquer pessoa, as exigências aumentam a cada dia e meu limiar de saturação ja se esgotou faz tempo. Eu cresci nesse meio, foi meu modo de criação e sinceramente não consigo me rebelar e fazer diferente. Não tenho as ferramentas para me revoltar com a vida e me entregar ao alcool ou a qualquer tipo de alucinógeno. Não sou do tipo e não tenho vontade de ser. Por essas e outras que tenho a certeza de que me acomodei ao sofrimento e vou tentando nao surtar a cada novo dia que chega.
A terapia me ajuda bastante e no momento que precisei realmente de medicamentos, pedi um tempo a mais antes de começar o processo farmacêutico. Não queria me tornar dependente de nenhum tipo de ansolítico ou anti-depressivo e tornar isto uma solução dos meus problemas. Desde cedo aprendi a encarar a realidade do modo que ela realmente é. Nunca tive ninguém para maquiar a vida e mostrar um lado mais bonito para facilitar o meu caminho. Fui criada em um ambiente totalmente inóspito, desrespeituoso e caótico onde ninguém sabe até onde vai o direito do próximo, onde os limites foram impostos e as conversas são a base de gritos e repreensões.
Todo dia eu páro e me pergunto como cheguei ate aqui sem ajuda de nenhum tipo de drogas ou alguma coisa que me dopasse por um tempo e me tirasse da minha realidade nem que fosse por alguns momentos. Não sei como não enlouqueci de vez com a formação acadêmica fudida e não exercida, com a pressão interna e externa por ter um diploma engavetado, ver seus colegas colhendo os frutos do trabalho enquanto você se dedica a uma nova faculdade - a que você deixou de fazer para agradar sua família e em troca ganhou 5 anos perdidos na vida e uma frustação que não tem como ser medida.
Falta de reconhecimento, de respeito, de um cara que realmente goste de estar com você, de sentimento, de carinho, de afeto, de companheirismo, de auto-estima. Falta tudo e eu não sei como ainda consigo ser quem sou. Sustentar a máscara da garota autêntica e simpática enquanto por dentro estou gritando aos berros pedindo socorro.
Preciso sumir por uns tempos .... viajar, quem sabe. Pena que nem pra isso eu estou em condições no momento. Queria dormir hoje e acordar quando tudo estivesse mais ou menos encaminhado na minha vida, correndo o risco de cair em sono profundo e não acordar mais.

O lado A

Qual o lucro obtido por uma pessoa que passa por cima de seus conceitos para ser agradável para os outros? Alguém que abre mão de ouvir a música que gosta, de ir aos lugares que acha interessante, de não falar o que pensa e sente, não por uma ausência de personalidade mas sim por uma auto-anulação levada pelo objetivo de se encaixar no meio social que convive e não correr os riscos dos futuros julgamentos?
Eu sei a resposta: nada, absolutamente nada. Comecei a fazer uma avaliação bem crítica a meu respeito e me dei conta de que, apesar de ter em mente meus princípios muito bem elaborados, os escondo e fico no stand-by por ter medo das opniões alheias e consequentemente da redução da quantidade de amigos que já é bem reduzida. Se estou no carro com outras pessoas, deixo de ouvir minha banda preferida para tocar algo que não suporto mas que sei que será do agrado geral (menos o meu), se sinto que alguém está fazendo algo mesmo sem perceber que está me machucando e/ou incomodando, deixo rolar justamente para nao criar uma discussão e sair como louca e coisa e tal. Imagino que você deve estar falando: " ah velho, isso é falta de personalidade!" . Talvez se eu estivesse em seu lugar, diria o mesmo. Mas como falei no post anterior, personalidade eu tenho e até demais! O que me falta é me sentir autêntica o suficiente para acreditar nos meus ideais e expor isso da melhor forma, sem pensar nas consequências que irá me causar. Talvez uma ausência da auto-estima, algo que dentro de mim me faça sentir mais leve e correta por estar sendo sincera com os outros e comigo mesma.
Decidi que quero e vou mudar isso. Não quero mais abaixar a cabeça pro medo do que vou ouvir em troca do que irei falar. Impor meus limites, de uma forma menos drástica, é o meu ideal de agora. Não sou nenhuma insensível e muito menos madura o suficiente para lidar com as minhas piores questões de uma forma menos insana. Quero ter o direito que é dado a todo mundo de poder surtar, julgar, prejulgar,desconfiar,dar espaço para a irracionalidade e tudo o que vier no bolo. Por que nao!? Por que quando os outros piram, é tudo encarado como fatos da vida e quando é comigo o modo de análise é outro!?? Será que esperam tanto que eu seja o exemplo de racionalidade e equilíbrio que quando me vêem agindo como uma pessoa normal, acham um erro totalmente inaceitável?! Sinto informar que sou humana e que quero usar e abusar do meu direito de errar ou acertar.
Se tomo atitudes que para mim, no futuro, serão as mais idiotas possíveis, quero ter a plena consciência de que naquele momento foram as mais corretas de acordo com as mnhas verdades. As pessoas que convivem comigo precisarão me compreender da mesma forma como eu as compreendo. Quero também entender porque as coisas acontecem e como funcionam. Cansei de me esconder atrás da minha própria imagem.
Quero poder ser eu mesma e o resto que se dane.

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