Depois de muito pensar, ela resolveu escrever sobre os acasos da vida.

Ultimamente tem sentido que o problema não é que sua vida não lhe oferece opções mas sim o livre arbítrio que governa suas atitudes e a deixa sozinha.

Em um jardim podemos presenciar várias flores, cada uma com seu cheiro e cor específicos. Se um grupo de pessoas fosse pego para um teste e perguntássemos a cada um qual a sua flor preferida, com certeza as opniões iriam divergir e muito já que o ser humano guarda dentro de si características próprias e gostos diferentes.

Com ela não é diferente. Certa vez, passeando no seu único e preferido jardim viu uma flor diferente das demais e rapidamente a elegeu como sua preferida. Gostaria de tocar, sentir seu cheiro e cuidar desta mas não era possível, só lhe cabia olhar de longe, admirando sua beleza, seu agradável odor e suas cores tão diferentes das demais.

As demais flores do jardim até que tentaram chamar sua atenção afinal ,são tão bonitas quanto àquela intocável. Mas por mais que tenha tentado, ela não conseguiu gostar das outras mais do que a escolhida. Preferiu o amor platônico à uma provável relação saudável entre as demais.

Sentia-se triste. Gostaria de ser tão importante para sua flor como esta era para ela mas sabia que não deveria esperar mais do que aquilo. Ou então, escolher outra flor mais acessível, ela possuía outras opções que demonstraram várias vezes a vontade de conquistar sua atenção, aquilo a matava por dentro.

Sofrendo tanto por uma única flor tendo outras disponíveis para seus cuidados. Pensou em arrancar a tão impossível flor da terra mas pensou em seguida que talvez fosse pior se não estivesse mais ali afinal, apesar da distância, ainda podia sentir o cheiro e ver como ela se destacava em seu jardim. E isto já valia a pena.

Uma tarde em Paris

Paris, um dia qualquer de muito vento e frio.

Vejo ao longe uma garota de cabelos escuros sentada em uma fonte, cabisbaixa olhando fixamente para as pequenas ondas que se formavam na lâmina d'água, perdida em seus pensamentos.

Começo a observar aquela cena com mais interesse. Não demorou muito, uma pequena menina apareceu e se acomodou ao lado da garota que lá já estava.

Não sei como mas consegui ouvir a conversa entre as duas e tudo começou com uma singela pergunta:

- Que houve ? Por que está tão triste minha irmã ?

A preocupação da irmã mais nova que aparentemente não tinha idade para entender as ironias da vida me fez interessar mais pela cena.

- Estou à espera do meu anjo. Marquei um encontro com ele neste lugar e ele ainda não apareceu. Acredito que não venha mais. Por isso estou muito triste e com vontade de ir embora pois já esperei tempo demais.

Ao falar isto, a garota começa a se entregar às lágrimas e é acalentada pela irmã. Não conseguiu ver oq eu vi. Naquele instante, como em um filme, eu estava em outro lugar e vi um rapaz com muita pressa alegando estar atrasado para um encontro. Pelo visto, ia demorar mesmo para chegar ao lugar marcado.

Notei que o anjo citado pela garota era este rapaz que, apesar de tanto esforço para chegar a tempo, provavelmente não conseguiria.

Não sei como terminou esta história...

Acordei antes do final.

Paredes de vidro

Todo ser vivo neste planeta nasce com um objetivo na vida. Acredito que, se tratando do ser humano, este vem ao mundo com metas a cumprir e realizações a serem conquistadas. Infelizmente a maior de todas elas não é de igual facilidade para todos, esta é uma rara oportunidade mas ainda alimento a ilusão que sua vinda será para qualquer um que a merecer, independentemente do tempo que precisaremos esperar. Ah, esta tal felicidade.

Aguardava o inesgotável tempo sentada em uma cadeira enquanto arrumavam seus cabelos(dessa vez não pôde escapar dos padrões). Logo mais iria a uma festa de casamento presenciar mais um belo casal que optara por viver juntos enquanto durar o amor entre eles. Mas não era nisso que pensava, olhava sua imagem no espelho e se perdeu em seus pensamentos que estavam muito e muito distantes dos planos para mais tarde. Pensou na vida e não só na sua. Permitiu-se ir além.

Não demorou muito e conseguiu ver finalmente que pior do que perder uma luta é perder e não acreditar na perda. Alimentar a ilusão de que ainda vale a pena continuar lutando é muito mais danoso do que bater em retirada e assumir a derrota. Acontece que na hora é muito complicado se convencer disto e isto explica muita coisa.

A transparência das paredes de vidro nos permite ver além sem sacrifícios. Todavia, quebram na mesma facilidade.

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