Chuvas de Outono

(Dizem por aí que quando alguém encontra pela primeira vez uma pessoa que foge completamente dos padrões impostos, a última coisa que o outro se importa é lembrar que os olhos são os espelhos d'alma. Ai de mim se fosse igual à maioria, perderia uma grande chance de conhecer alguém que realmente valeu a pena e com quem tanto me identifiquei.)

Certa vez conheci uma pessoa que, com seus vinte e poucos anos, já tinha história pra contar - e como tinha! No começo achei que fosse alguém mais do que normal. Tinha amigos sim - a princípio nem deu pra perceber que eram de fachada - tinha uma fisionomia alegre e foi de uma profunda simpatia comigo.
Só mais tarde, descobri seu outro lado, desprovida de talento no jogo da vida que, tão cedo já sabia o gosto amargo da desilusão.

Ao mesmo tempo que escutava seus relatos ia tentando encontrar dentro de mim o motivo de tudo aquilo. É certo que para se levantar é totalmente necessário cair antes, mas o que acontece com aquele que cai toda hora? "De tanto tropeçar talvez seja mais prático não se levantar mais" ela me disse. Será ?
Eu tenho a íntima vontade de respostas mas percebi que ela não tinha mais a esperança de tê-las. Acho que isso foi o que mais me doeu, ver uma pessoa tão jovem que ja sabia o que era não ter esperanças - ou que achava que sabia.

Ela me contou que pior do que tudo, era sentir uma certa dor que ela mesmo me descreveu como "um nó em algum lugar dentro do corpo que sei que existe mas não sei aonde fica" que sempre aparecia quando ela sentia que não era mais útil e presente nas vidas das pessoas que ela mais considerava. Era como nadar e morrer na praia. Sentir-se importante poucas vezes na vida e perceber que, em sua grande parte, foi fruto de sua imaginação, uma mera ilusão. Como se tudo estivesse em perfeita harmonia mas só porque em sua cabeça assim acontecia. É como acordar de um sonho e ver que nada é mais do que costumava ser.

Esquecimento provisório, substituição estratégica ou até mesmo uma chatice aguda que a tenha transformado em mais uma chata no meio de tantos chatos .. Enfim, tentei mostrar todas as hipóteses que me vieram em mente mas para ela era somente uma dor forte em um lugar desconhecido do próprio corpo.

Esquisito né ? Talvez ....

* Adoro as chuvas de outono, sempre aparecem quando não aguentamos mais de tanto calor.

1 comentários:

    Só acho o seguinte:
    Seja quem for.. precisa tb entender que o que nos faz importante é o fato de nos considerarmos como tal, a maior luta dela talvez seja encontrar em si mesma o próprio alto-estima. Ter estima por si próprio a impede d euma auto-destruição.!

    * As aulas de Psicologia valeram pra alguma coisa!!

     

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